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05 abril 2015

Resenha Livro's: De Todo Coração - Vivendo a plenitude do amor ao Senhor



Livro: De Todo Coração - Vivendo a plenitude do amor ao Senhor
Autor: Luciano Subirá
Ed. Orvalho
207 páginas

Desde o natal de dezembro de 2014, eu e minha esposa estamos frequentando uma igreja Batista aqui perto de casa.

Quem pensa que eu sou um cara que é contra a igreja se engana. Muito pelo contrário. Quando falo sobre o movimento evangélico no Brasil, e as atitudes bizarras que estes tomam politicamente e religiosamente, não caio no erro de generalismos. Acredito na igreja, aquela que inclusive está na "igreja", e fora dela, espalhados por este Brasil.

E sempre quis encontrar uma igreja aqui perto da minha casa que fosse saudável, e no qual, mesmo não sendo membro, me permitisse conviver, abençoar e ser abençoado por ela. Encontrei essa igreja que tem um engajamento com a comunidade local e uma família pastoral bastante sincera, simples e piedosa.

E a conexão com essa comunidade de fé tem me abençoado muito. E tenho tido o prazer de ter muitas trocas de saberes. Emprestei alguns livros do Philip Yancey pra alguns membros. E um deles, o irmão André, me emprestou esse livro do Luciano Sabirá. E como eu não tenho preconceito com nada, e só avalio uma coisa depois que de fato eu leio, degustei cada folha deste livro.

O presente livro foi escrito em 2009, fruto direto de uma geração evangélica no Brasil, encabeçados por ministérios como Lagoinha, David Quinlan, dentre muitos outros, que trouxeram para o centro do debate e vivência nas igrejas o conceito, estilo e estética do que, segundo eles, é ser adorador. Então a adoração virou o centro de muitos movimentos cristãos em todo o Brasil. Aquela música que te levava para outra atmosfera, lhe trasportava por uma viagem transcendental com o Criador, etc. Muitos eruditos da música cristã tachavam esses sons e essas posturas como "mantra gospel", "adoração sentimentalóide" etc. Concordo em muitos aspectos desta crítica. Uma vez que acredito que a adoração transcende as emoções e sensações. Tive contato com grupos como Jocum - "Jovens com uma missão" e GAP "Grupo de Adoração ao Pai" (aqui em Fortaleza mesmo) e pude ver aspectos péssimos e bons desse estilo "revolucionário" de ser adorador.

Muita gente, amigos meus queridos, que entraram de cabeça em toda essa carga emocional dessa chamada "geração extravagante" de adoradores, movidos pelo mesmo sentimentalismo, hoje não querem nem saber de cristianismo, igrejas e coisa parecida. A realidade as vezes pode ser tão brutal que nem o maior dos sentimentos, se não embasados em uma base sólida e firme de fé e estudos, pode suportar.

Ao mesmo tempo, por um outro lado, não podemos ficar na frieza de mesas de estudos achando que o conhecimento em si mesmo já basta. Óbvio que Deus tem múltiplas maneiras de se chegar a uma pessoa. O próprio apóstolo Paulo, tido com um grande erudito e sagaz articulador das palavras, não foi convencido através de discurso, e sim através de uma experiência mística. (Atos 9)

Não ignoro as experiências sobrenaturais e místicas no cristianismo. Só reforço que elas por si só não é o bastante para a qualidade da espiritualidade vivenciada. Disciplinas espirituais por exemplo e uma obediência a princípios em meios hostis é algo que está para além de qualquer sentimentalismo. É algo moldado em postura baseado em uma convicção firme.

O livro fala de experiências de Deus falando audivelmente no ouvido de cristãos, nos moldes bíblicos. Propõe que é possível sim vivenciar hoje experiencias semelhantes aos homens de Deus na bíblia. Não duvido. Também não acato de um todo. Principalmente para mim que nunca tive tanto contato com o aspecto sobrenatural da fé. E também já vi muita gente entrando em roubada por conta de alguém falar categoricamente "Deus me disse isso e aquilo...".

O grande problema desse último exemplo é por se criar um bloqueio quanto a isso e, de repente, quando e se Deus falar de verdade através de alguém, eu já ter uma certa resistência quanto a isso.

O livro aborda a ideia de que, quando você faz uma entrega pessoal, ou percebe a verdade revelada em Jesus, todos os outros assuntos na sua vida é secundários e coadjuvantes na vida do discípulo. E chama o leitor para uma caminhada real com o Jesus, e não apenas uma fé de ocasião.

Enfim, acho o livro positivo. Ele não fala de questões alienantes da "adoração". Mas tenta trazer a tona aspectos de uma adoração genuína, reforçando a ideia de um Deus vivo e pessoal que sim, caminha conosco e interfere em nossa vida, se relaciona e compartilha de seus sentimentos conosco.

Eu mesmo, rato de mesa de leitura que sou, tenho que também explorar esses aspectos mais transcendentais de minha fé. As disciplinas espirituais (como jejum, meditação, solitude, oração) estão me ajudando muito nisso. Mas ainda tenho muito o que caminhar neste aspecto. E o presente livro sensivelmente conseguiu me instigar pra esse aspecto.

Agora, não é um livro que particularmente eu compraria. É daqueles livros beeeeem devocionais, um Pão Diário de pouco mais de 200 páginas. É um livro muito bom para os jovenzinhos "oba oba" de plantão que tem na igreja muito mais um entretenimento baseado na sociabilidade de jovens descolados do que uma convicção nos caminhos de Jesus. E acho que, acreditando que o conhecimento de Deus é progressivo na caminhada de qualquer cristão, o cara em seus 2 primeiros anos de fé tem que ler livros como esse. Faz parte do be-a-bá do crescimento nos caminhos de Jesus.

Mas mesmo assim, isso não impediu que um macaco velho igual a mim, com o coração aberto, aprender alguma coisa e isso trazer-me a necessidade de cutucar outros aspectos até então adormecidos em minha fé.