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01 junho 2013

Resenha Livro's: LUZ & SOMBRA - Conversas com Jimmy Page



Livro: LUZ & SOMBRA - Conversas com Jimmy Page
Autor: Brad Tolinski
Ed. Globo
298 páginas

Todo degustador de rock que se preze já deve ter passado horas e horas trancado no quarto tocando guitarra imaginária ouvindo Led Zeppelin. Acho que Jimmy Page certamente está entre os três guitarristas que mais criaram riffs que incendiaram os ouvidos de jovens em todo o mundo.

Acho que o primeiro disco que ouvi do Zep foi o The Song Ramains The Same, registro ao vivo da banda em 1973 que virou filme. Lembro que a primeira vez que ouvi a verdadeira odisseia "Dazed And Confuded", com mais de vinte minutos de duração, com direito a arco de violino na guitarra e muita improvisação, caramba, fui ao céu e voltei. Enfim, falo mais sobre isso quando tiver o prazer de resenhar esse disco.

Muitas lendas giram ao redor da trajetória do Led Zeppelin. Hedonismo exagerado, ocultismo, drogas, mar de mulheres, tragédias, tudo fazendo parte da mística que fascina quem procura saber sobre a banda.

Adoro biografias de rockstars! É interessante principalmente saber como é a adaptação de gente que, em um minuto era anônimo, e em outro nem pode sair na rua por conta do assédio.

No caso do sr. Jimmy Page, este já estava a muito tempo trabalhando nos estúdios da Ingleterra. Aliás, era certamente o guitarrista mais requisitado. Então ele, de certa forma, já sabia como as engrenagens da produção musical da década de 60 funcionava. Quando começou a querer formar seu grupo ele já sabia exatamente onde estava pisando. Meio que a construção do Led Zeppelin já estava há tempos formada na mente deste talentoso guitarrista.

LUZ & SOMBRA é um livro feito pelo editor-chefe da revista Guitar World, que compila neste fascinante livro anos de inúmeras entrevistas com Jimmy Page. Então a história é narrada pelas próprias respostas de Jimmy. Assim também como entrevistas e textos com músicos, gente ligada aos bastidores da banda, das turnês, gente que estavam nas circunstâncias das mais diversas fases da vida de Jimmy Page.

O mais interessante é que o autor não poupa o guitarrista de perguntas mais incisivas sobre os mitos em torno da banda. Porém o guitarrista por vezes sai pela tangente. Mas ao mesmo tempo solta afirmações aqui e acolá que nos dão pistas.

Um diferencial também, e este para os músicos profissionais, é que o autor que é profundo conhecedor de equipamentos, conversa com Jimmy Page sobre questões técnicas das gravações, tipos de pedais, marcas de guitarras, técnicas específicas na elaboração de linhas melódicas, amplificadores, etc. Confesso que voei um pouco nestas partes, mas pra quem entende deve ser algo muito valioso de se ler.

Li este livro em menos de uma semana, gostei muito, e me sinto bem mais conhecedor dessa que é uma de minhas bandas prediletas, e certamente foi a mais importante da década de 70.

Dica: Leia o livro com o som ligado, e sempre que eles conversarem sobre as músicas é interessante você ouvir ao mesmo tempo que lê para aprofundar mais e perceber as coisas que eles estão falando. Isto tornou minha leitura bem mais instigante.

Resenha CD's: Pearl Jam - No Code (1996)


Banda: Pearl Jam
Álbum: No Code
Ano: 1996
Gravadora: Epic Records

Já é a quinta vez que eu tento começar essa resenha, querendo de certa forma explicar o porquê da ausência de semanas sem publicar nada. Pois é, começo dos 30 anos, às portas de um casamento, reforma de casa, trabalho, vida acadêmica, meu Deus, pára o mundo que eu quero descer!

E nesse turbilhão todo, quando menos se percebe, você está tomando um cafezinho na universidade pra enganar o sono e pensa: Caramba, meu blog!

Óbvio que o que me conforta é saber que não decepcionei muitos leitores (até porquê não tenho muitos). Porém, mas do que ser lido, esse blog foi feito de mim para mim mesmo (saiu meio meloso isso não?), no sentido de registrar nele os meus insights sobre as coisas que eu vivencio. Mais pelo fato de morrer de medo de ser aqueles velhotes sem memória, que vai precisar recorrer a esse site para oxigenar algumas lembranças para meu velho cérebro.

Estou vivendo meu momento de transição. Apesar da essência do velho George ainda existir, o momento também me faz passar por uma verdadeira metamorfose de postura diante da vida. Minhas questões são outras, meus sonhos e prioridades idem.

Assim como na vida, na minha vida, as bandas (pelo menos as sinceras) passam exatamente por isso. Pearl Jam começou a carreira com os dois primeiros álbuns Ten (1991) e Vs. (1993) chegando como voadoras sonoras nos ouvidos da geração do começo da década de 90 sedentos por representação. Todos os jovens cheios de sentimentos de inadequação em relação a sociedade se sentiram identificados com os primeiros trabalhos dessa banda.

Após o conturbado Vitalogy (1994) e toda a polêmica da banda por boicotar a Ticketmaster por conta dos preços abusivos e monopólio dos grandes shows nos EUA, a banda teve certamente um desgaste.

Uma vez que o tom das letras do Peal Jam são pessoais, autobiográficas até, e também contextualizada à realidade que eles vivenciam, é óbvio que o tom da proposta tinha que mudar.

Busca de si mesmo, paternidade, auto-conhecimento, introspecção, e até uma certa dose de espiritualidade, tudo isso estava em ebulição quando o Pearl Jam entrou em estúdio para gravar o seu então quinto álbum, o No Code (1996).

O álbum abre com a soturna "Sometimes", mas logo o ritmo é quebrado pela velha pancadaria da banda em "Hail, Hail", esta com um Vedder expressando sentimentos sobre um casamento em crise.

Logo, o experimentalismo vem com "Who You Are" e "In My Tree", que tem uma batida de bateria parecidas só que a última é mais acelerada, ambas com uma carga de questões existencialistas e introspectivas.

"Smile" dá uma desacelerada, com aspectos românticos e direito à gaita, como uma preparação para a linda "Off The Goes", perfeita para se ouvir à meia luz em uma madrugada solitária. Se você prestar bem atenção, às vezes o som chega até a soar um pouco Neil Young. Vedder nesta canção canta certamente sobre si mesmo, em terceira pessoa, em uma auto-análise sincera.

"Habit", "Lukin" e "Mankind" ainda soam como o velho Pearl Jam cheio de energia, apenas como forma de dizer: "Apesar dos pesares, ainda é a gente!". Mas o velho Pearl Jam acaba aí.

"Present Tense" veio para nos fazer lembrar do quanto o tempo passa rápido, e quando menos percebemos nossas mãos já estão com as marcas mais fortes. Envelhecemos! Aqui a banda soa mais Rock e menos Grunge. Na verdade o álbum todo é assim.

E para terminar, segue "I'm Open", que soa como os bons e velhos experimentos poéticos/musicais de um velho Jim Morrisson cheio de devaneios e nostalgias. E encerrando o álbum a linda "Around The Bend", que soa quase como uma cantiga de ninar, tendo a paternidade como principal inspiração.

Enfim, neste álbum a banda claramente mostra que amadureceu. Mas o público não! Apesar dos elogios da crítica, os fãs mais fervorosos ficaram insatisfeitos com o trabalho. Esperavam que a banda se engessasse em uma fórmula pronta e emplacasse até envelhecer álbuns sobre os conflitos de existência da juventude. Besteira! Os músicos amadurecem, obviamente as composições também acompanham essas metamorfoses.

Outra coisa legal no disco que quase esqueço de mencionar é o encarte. A capa é um amontoado de 144 fotos Polaroid, tiradas pela banda durante a turnê do Vitalogy, com inúmeras bizarrices.

Ganhei esse CD de uma ex namorada que achou essa bolachinha em um sebo à preço de banana e lembrou de mim. Garota legal né não?

Lembro que passei horas olhando foto por foto na capa. E dentro do encarte vem também mais Polaroids em tamanho real com as letras das músicas escritas na parte de trás das fotos.

Pois é, No Code é um marco na carreira da banda. Á partir de então a banda passou a soar diferente, apesar de ser a mesma. Assim como minha vida agora, estou diferente, mas sou o mesmo cara. E esse disco tem sido minha trilha sonora nestes meus dias tão cheios.

Bem-vindo a vida adulta George Facundo!

O lance é trabalhar bem muito pra que na velhice eu volte a ser adolescente!

A PREDILETA:

Para este álbum escolhi "Red Mosquito" como minha predileta porquê, além dela ter uma excelente linha de guitarra com várias camadas que me agrada muito, é uma canção que de certa forma marca bastante essa fase de transição do Pearl Jam. Ela tem um certo peso do começo da banda, mas uma sonoridade mais sofisticada, mais Rock clássico. Gosto muito dela, e ela me faz lembrar de todos os meus amigos ex-grunges que hoje estão tentando ganhar a vida em São Paulo e em outros lugares do mundo.

Escuto esse álbum com muito nostalgia, lembrando de velhos amigos, rodando as avenidas de Fortaleza pela madrugada ouvindo este disco no carro em volume máximo.

Tô ficando velho...

Have you ideas on how this life ends?
Check your hands and study the lines


Confira no vídeo abaixo a música "Red Mosquito":