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16 fevereiro 2013

Resenha (Livro's): A mensagem de 2 Tomóteo - "Tu Porém..." (1982)



Livro: A mensagem de 2 Tomóteo - "Tu porém..." (Série A bíblia fala hoje)
Autor: John Stott (1921 - 2011)
Editora: ABU Editora (6a edição - 2005)
Páginas: 123

Em julho de 2011, enquanto o mundo lamentava a morte prematura de Amy Winehouse, uma significativa parcela do mundo cristão (pelo menos aquela que gosta de ler) chorou a morte de um dos autores cristãos mais férteis do século passado - John Stott.

Conheci este autor nas minhas aventuras (e desventuras) na ABU (Aliança Bíblica Universitária) nos núcleos da região Nordeste. E neste simpático movimento, ler John Stott era quase que uma obrigação. Eu até brincava dizendo que, à semelhança dos movimentos católicos, a ABU também tinha seu padroeiro virgem (Stott nunca casou...).

No mundo das leituras cristãs, tenho no John Stott aquela figura do velho sábio, aquele xamã, cheio de sabedoria, dono da reta razão (leia-se doutrina), que apesar de em certos momentos você achar ele um tanto ortodoxo (leia-se careta), ainda assim você alimenta um profundo respeito por ele.

Ele consegue escrever sobre a Bíblia, e toda a sistemática do pensamento cristão, sem ser enfadonho e robótico. Ele coloca a sua personalidade em cada frase, sempre lincando os princípios bíblicos levando em conta o contexto da época (muito importante quando se lê as cartas de Paulo), para daí sim trazer a reflexão para os dias de hoje.


O velho John Stott
O santo padroeiro virgem da ABU


E lendo este comentário de Stott em A mensagem de 2 Timóteo, você mergulha no contexto em que Paulo escreveu esta carta para um de seus discípulos prediletos.

Segundo Stott, no contexto desta carta, muito provavelmente Paulo estava preso em Roma, e há poucas semanas (dias ou horas, ninguém sabe) de ser executado. E da prisão, Paulo escreve esta carta, dando conselhos e encorajando Timóteo, que se achava muito inseguro para assumir uma posição de liderança.

Entrando mais a fundo nas cartas de Paulo, em especial 2 Timóteo, fico pensando sobre essa nostalgia toda que alguns têm sobre a chamada "igreja primitiva". É curioso ver Paulo, já naquela época, dando severas instruções ao jovem discípulo sobre como combater inúmeros ensinamentos errados, se afastar de gente gananciosa e hipócrita, isso dentro da igreja.

Gente que têm este tipo de nostalgia tem que ler as cartas de Paulo com mais atenção! Tanto que algumas admoestações que Paulo fez em relação a alguns erros daquela época, mais do que nunca, torna-se relevante para nós hoje. Com todo respeito a perspectiva "imagem e semelhança de Deus", o ser humano é osso! Em qualquer momento da história.

O que me emociona nesta carta a Timóteo é perceber Paulo, sentindo a morte aproximar-se, enche-se de esperança, mostrando que liberdade, muito mais que uma geografia, é um estado de espírito. Afinal de contas, que tipo de prisão pode existir no mundo, ou ameaça de morte, que possa nos separar do amor de Deus? É diante da morte que realmente experimentamos se o que a gente acredita de fato faz sentido ou não.

Ainda assim, Paulo ainda alimenta esperanças de rever Timóteo pela última vez, e o pede que o visite em Roma, e que traga sua capa e seus pergaminhos.

Será que houve tempo de Timóteo vê-lo? Ninguém sabe...

Nesta carta está uma das mais belas declarações de Paulo, onde o mesmo com sobriedade e diante da morte escreve a sua confissão de fé em uma esperança que está além da morte:

"Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda"
2 Timóteo 4. 6-8


Muitos cristãos trucidados por Roma devem ter balbuciado estas palavras antes de morrer. O legado de Paulo é inegável na construção desta tradição cristã que vem desde a antiguidade até tal qual a conhecemos hoje.

Há até quem diga que a igreja contemporãnea é mais paulina que cristã... Será?

Gostei muito da leitura deste livro. Realmente John Stott conseguiu atingir a sua proposta. Depois da leitura desse seu comentário você (gostando de Paulo ou não) vai passar a respeitá-lo mais. Ira perceber como não era fácil ser um propagador do evangelho aquela época.

E agora entendo do porquê que John Stott e ABU formaram, durante tantos anos, um casamento perfeito. Pois o mesmo (Stott), à semelhança de Paulo a Timóteo, teve em seu ministério a preocupação de deixar o legado de Cristo para as gerações que viriam após ele. Caras como eu, que mesmo metido a progressistazinho, sempre encontro no velho Stott um porto seguro em meio a todos os meus relativismos interiores.

2 comentários:

Marlon Marques disse...

Ler John Stott é se deliciar com seu entendimento do Evangelho em sua plenitude. Ele é conservador na sua teologia (como deve ser), mas não um fundamentalista no seu modo de dialogar e debater com o diferente, sempre proclamando a Mensagem da Cruz!

Lih_maria disse...

Nossa eu gostei desse livro *-*
São raros os livros com teologia que não são radicalistas !
Gostei muito !
Bjos