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14 outubro 2013

Resenha Livro's: Xógum - Tomo's 1 e 2



Livro: Xógum
Autor: James Clavell (1924 - 1994)
Ed. Nova Cultural
1251 páginas

Ufa! Finalmente terminei esse livro. Foi difícil pois tive que conciliar a leitura deste com uma série de compromissos acadêmicos (trabalhos e mais trabalhos), e esse período de mudanças (casamento, mudança, casa nova, adaptação). Enfim, demorei uns meses pra conseguir concluir estas mais de 1200 páginas. Mas lhes asseguro que sim, valeu muito à pena.

Consegui este livro da forma mais calhorda (e clássica) para um entendedor dos loucos por leitura. "Roubei" este livro da estante da minha ex-sogra (uma devoradora de livros igual a mim) pedindo "emprestado" e nunca mais devolvi.

O livro Xógum se passa em 1600 em um Japão feudal. Conta a saga de um inglês piloto marítimo experiente (Capitão John Blackthorne) que tem o navio naufragado na costa do Japão e tem ele e seus poucos tripulantes sobreviventes como prisioneiros dos japoneses.

Gosto muito de narrativas que falam de adaptação. De choque ou de duas culturas ou de duas pessoas tentando conviver e coexistir apesar das diferenças, e esse livro tem muito disto. Esse piloto inglês vai ter que se adaptar aos costumes japoneses, costumes esses muito diferentes da maneira ociental de ser.

Neste sentido o livro lembra um pouquinho o filme O Último Samurai (EUA - 2003), apenas neste sentido de um ocidental tendo que, na marra, aprender os costumes estrangeiros e, com o tempo, o que é estranho passar a ser admirável e, daí, dá-se o deslumbramento, descoberta e apropriação da cultura para si.

James Clavell teve uma sacada que eu sempre admirei em outros autores. Xógum poderia ser narrado como um livro sobre história, uma vez que muitos dos acontecimentos e personagens realmente tem veracidade histórica, tendo apenas os nomes trocados. Mas, ao invés de criar um livro para se estudar, ele criou um romance em cima da história para que possamos nos entreter e ao mesmo tempo aprender. O livro leva você ao verdadeiro mundo dos Samurais, dos costumes e tradições (e crenças) japonesas. E você, assim como o ocidental inglês, vai adentrando nesta cultura, estranhando tudo no início, e aos poucos vai assimilando toda a filosofia de vida dos japoneses, e acaba por se tornar fã da cultura.

Interessante como os japoneses encaravam questões como morte, sexo, honra, etc. O livro é muito rico em detalhar, através da boca e ações dos personagens, suas crenças e definições para estas e outras tantas questões. Sem contar questões políticas, jogos psicológicos, conspirações, as relações de poder, e por aí vai.

O fato da narrativa ser longa e me cansar um pouco também não vejo como algo negativo. É bom para o leitor ter essa pouca noção do que é o desgaste de uma jornada, onde as coisas não acontecem tão rápidas e objetivas como em filmes de 1h e meia. O massa do livro é realmente lhe colocar dentro desta rotina diária dos japoneses, até que, aos poucos, o exótico e diferente passe a ser para você leitor algo normal, aí você vai se adaptando junto com o próprio personagem.

Na década de 80 este livro virou uma série de tv que fez muito sucesso. Esse livro deveria ser revisitado pelas produtoras pois certamente, com os recursos tecnológicos hoje, esse livro seria uma série espetacular.

Demorou mas terminei este livro chegando às últimas páginas com tristeza por ele acabar, junto com todos os personagens fascinantes. Mariko, a mocinha e heroína do livro ficará com toda sua beleza, inteligência e sabedoria, para sempre gravada em meu coração. A força da mulher japonesa (para o bem e para o mal) é algo interessantíssimo narrado no livro.

Enfim, super recomendo e boa jornada!

09 setembro 2013

Resenha CD's: Nara Leão - Nara (1964)



Artista: Nara Leão
Álbum: Nara
Ano: 1964
Gravadora: Elenco

Nara Leão indiscutivelmente é considerada uma das musas maiores da chamada Bossa Nova. Não era por menos. A Bossa basicamente nasceu em meio aos vários encontros musicais que rolava no apartamento dela, na Avenina Atlântica, em Copacabana. Largou os estudos formais para se dedicar integralmente à música e, aos 22 anos, lançou este disco que é um dos pilares fundamentais da Bossa Nova.

Mas muita calma, pela capa percebe-se claramente que essa garota de 22 anos, apesar de toda delicadeza, tinha sim muita coisa a dizer. Seu disco sai do comum na Bossa Nova, passa longe dos passarinhos a voar, o vento de Copacabana no rosto à tardinha, aquela coisa lindinha e fofinha das letras da Bossa Nova. Não, ao contrário, ela vira as costas para a praia e sobe o morro e escolhe compositores que cantam o povo, à terra, as pessoas, e claro, cantam a melancolia, a solidão e os corações partidos.

Sempre me fascinei com o fato do samba ter esse poder de ter um ritmo tão, digamos, alegrinho, mas ao mesmo tempo passar uma tristeza e melancolia tão grande. Aprecio muito este contraste. E Nara soube muito bem dosar isso, saindo da obviedade e adentrando em seus próprios sentimentos no que diz respeito a como enxergar a vida, as pessoas e o amor, ou o que as pessoas chamam de amor.

Uma noitada normal no apartamento de Nara Leão

"Marcha De Quarta-Feira De Cinzas" já abre o disco com aquela sensação de vazio pós carnaval. Naquela triste volta à rotina, onde as pessoas tiram suas fantasias e põem a máscara do cotidiano.

"O Sol Nascerá (A Sorrir)", "Luz Negra" e "Consolação" são sambinhas lindos com toda a sua beleza melancólica do amor que faz sofrer.

As densas canções "No Morro (Feio Não É Bonito)", "Canção Da Terra", "Berimbau" e a incrível "Maria Moita" mostram que Nara Leão era uma garota super antenada aos principais problemas sociais em nível nacional e, também, na dimensão da periferia de sua tão queria "cidade maravilhosa". A questão da reforma agrária e a condição da mulher submetida a uma condição sub-cidadã dominada por uma sociedade machista mostra uma Nara Leão de fato engajada ideologicamente na emancipação do povo e, principalmente, das mulheres.

As valsinhas "Vou Por Aí" e "Réquiem Para Um Amor" são de partir o coração. Uma delícia!

O disco termina com "Nanã", um instrumental tendo a voz de Nara ao fundo cantarolando a harmonia que foi trilha sonora de um filme chamado Ganga-Zumba, do diretor Cacá Diegues.

Nas versões em CD, o disco ainda vem com duas faixa-bônus. "Promessas De Você" e "É Tão Triste Dizer Adeus" são, as duas, duetos de Nara com o cantor Carlos Lyra. Sendo que esta última aborda a questão do divórcio, tema bem polêmico pra época. E ambas são contém a marca registrada do disco - valsinhas cheias de melancolia.

Gosto muito da capa do disco. Uma obra de arte desenvolvida pelo desenhista César Villela. Este cara criou todo um conceito de capa para a gravadora Elenco, e fez disso uma marca registrada. A capa de Nara ficou super moderna, realmente passando para o público, com nítida fidelidade, uma Nara Leão com um cabelo chanel descolado, uma garota que, pela capa, percebe-se sem esforço que é fã de literatura e que curte debater política com os amigos nos bares ou na varanda de seu apartamento.

A PREDILETA:

Sabe o que eu disse anteriormente sobre a questão do samba ter essa coisa de ser alegre e melancólico ao mesmo tempo? Pois é, "Diz Que Fui Por Aí" é um excelente exemplo pra ilustrar isso. Uma letra que fala de alguém que perdeu um grande amor, que saí às ruas pela noite com um violão, totalmente solitário e sem rumo. Nossa, escutar esta música nos leva a várias imagens. Enquanto a Bossa fofinha canta a luz do dia, Nara nesta canção invade a madrugada, de bares lotados de gente solitária, andarilhos errantes em ruas molhadas iluminados pelos postes. Uma verdadeira exaltação a figura do boêmio de alma, que afoga suas mágoas ralando o cotovelo em balcões intermináveis. Uma música perfeita para aqueles que tem a madrugada como companheira.

Ouça no vídeo abaixo a música "Diz Que Fui Por Aí":

20 agosto 2013

Resenha Filme's: Wolverine - Imortal (EUA - 2013)



Filme: Wolverine - Imortal (EUA - 2013)
Diretor: James Mangold

Apesar de nunca ter sido aquele típico garoto dos quadrinhos sempre gostei da saga X-Men. Acompanhava essa série pelo modo mais superficial, nas manhãs da globo com o desenho animado.

Então, quando o cinema finalmente descobriu o quanto as histórias em quadrinhos poderiam render nas bilheterias, X-Men foi o que eu mais aguardei. E realmente a minha ansiedade foi compensada, porque eu simplesmente adorei os filmes.

Assim como nos quadrinhos e nos desenhos animados na TV, uma coisa também que eu gostava bastante era quando essas séries cheios de super-heróis eram esquartejadas e haviam episódios individuais mostrando a realidade de cada mutante. Isso tornava a coisa ainda mais interessante. Então tínhamos os desenhos com todo mundo junto, e também tínhamos os paralelos.

E esse filme é exatamente isso! É um recorte da vida do misterioso Wolverine.

O filme começa com Wolverine preso em um buraco pelo exército japonês em Hiroshima (nada se explica de como ele foi parar lá) e , quando a bomba atômica é lançada lá ele salva a vida de um soldado. Muitos anos se passam e Wolverine está isolado nas montanhas, no período pós-traumático dele ter matado o amor da vida dele (Jean, a Fênix Negra) que foi retratado no último filme da triologia X-Men, o X-Men 3 - O Confronto Final (EUA - 2006).

Então o japonês que ele salvou a vida velho e doente (e o homem mais poderoso da Ásia) o chama para se despedir. E lá, como todo anúncio da sessão da tarde, ele embarca numa grande aventura cheia de ação.

Calma, o filme passa longe de ser sessão da tarde, só não quero dizer nada sobre ele pra não acabar com a surpresa. Mas o filme é muito bom! Para quem é fã de Wolverine principalmente vale muito à pena pagar o ingresso. Devo ter gostado do filme principalmente porque estou lendo Xógum, um livro que retrata a cultura dos samurais na época do descobrimento, e ainda estou fascinado por aquela cultura. E muitos destes costumes são retratados no filme. Este aspecto me prendeu bastante.

A linda Tao Okamoto como a herdeira do clã Yashida
Amolecendo o duro coração de Wolverine

Outra coisa que chamou muito minha atenção foi a beleza estonteante da atriz Tao Okamoto, que faz papel da herdeira do clã Yashida, e que realmente convence o público do porquê, de certa forma, Wolverine se mete em uma briga que não pertence a ele.

Enfim, bom roteiro, ótimos efeitos, Wolverine mais vulnerável, ninjas, samurais, espadas, toda a fórmula para um bom filme. Saí super satisfeito da sala de cinema!

Assista no vídeo abaixo trailer do filme Wolverine - Imortal:

16 agosto 2013

Resenha CD's: Neil Young & Crazy Horse - Live Rust (1979)



Banda: Neil Young & Crazy Horse
Álbum: Live Rust
Ano: 1979
Gravadora: Reprise Records

Fazia um bom tempo que queria escrever sobre alguma coisa do Neil Young. Esse coroa, que é uma das maiores lendas vivas do rock, que teve uma das discografias mais consistentes e marcantes da década de 70, e que, com todos os seus altos e baixos, sempre conseguia, como uma fênix, ressurgir das cinzas com algum álbum maravilhoso, é hoje o músico que eu mais escuto. Talvez ele seja o único cara que ainda me faz tocar guitarra imaginária (isso quando estou sozinho em casa, obviamente).

A primeira vez que eu ouvi falar desse cara foi durante a terceira edição do Rock In Rio, lembro de todo o burburinho na mídia especializada sobre o show desse cara. Uma lenda, o pai do grunge, Kurt Cobain citou a letra dele em sua carta de suicídio, putz, onde esse cara andava que eu nunca ouvi falar dele? - pensei.

Infelizmente a Globo, na época, transmitiu apenas duas músicas dele, mas isso já foi o suficiente para me arrebatar. Lembro muito nitidamente aquele bando de velhote cheios de atitude mandando ver tocando "Sedan Delivery". E na semana seguinte, quando a revista Bizz chegou às bancas, eu procurei o nome do Neil Young na relação top 10 dos melhores shows eleitos pelos jornalistas e não encontrei. Embaixo da lista tinha apenas um asterisco com a mensagem:

 *Neil Young não conta porquê Neil Young é Deus!

E daí comprei o álbum Harvest (1972) e esse músico nunca mais saiu da minha vida nem de meus ouvidos...

Enfim, hoje vou escrever um pouco sobre esse que é considerado um dos melhores registros ao vivo de rock que se tem notícia. 

No final da década de 70, Neil Young lança o projeto Rust que consistia basicamente em gravar um álbum chamado Rust Never Sleeps (1979), e deste disco registrar em filme/show. Sendo que Rust Never Sleeps foi gravado ao vivo, mas em estúdio tiraram o som do público (que mesmo assim você escuta bem baixo se ouvir o disco com fones de ouvido num som bem alto).

Assim como no Rust Never Sleeps, a primeira parte desse show é acústica com canções lindas e singelas (com direito a gaita e tudo que um fã de folk tem direito) como "Sugar Mountain", "I Am A Child", a linda "Comes a Time", a clássica "My My, Hey Hey (Out Of The Blue)" e a bela e triste "The Needle And The Damage Done" tocada debaixo de uma tempestade, enfim, uma delícia de ouvir.

Já na segunda parte o rock come solto, com um Neil Young e seu Crazy Horse hipnotizando o público com "Sedan Delivery", "Powderfinger", a clássica do álbum Zuma (1975) "Cortez The Killer", "Cinnamon Girl", "Like a Hurricane" e terminando com "Tonight's The Night".

Esse registro faz um passeio por quase todos os álbuns que Neil gravou até então. Para quem quer conhecer ele de uma forma mais geral recomendo demais este disco, até porque ele tocando com o Crazy Horse tem sempre um tempero especial.

Neil Young & Crazy Horse

Depois deste disco ele entrou numa fase bastante infrutífera em sua carreira, se deixando levar pela tecnologia de estúdio oitentista, deixando de lado suas raízes e fazendo discos tão ruins que chegou a ser processado pela gravadora por "falta de criatividade". É sério, podem pesquisar!

O cara consegue ressuscitar na década de 90, e até hoje ele e seus inseparáveis amigos do Crazy Horse ainda conseguem, apesar da idade, serem férteis como garotos cheios de virilidade musical. E futuramente espero ter o prazer de escrever sobre estes inúmeros álbuns.

A PREDILETA:

Muita gente que conhece Neil Young vai torcer o nariz pela minha escolha. Tem clássicos neste Live Rust que eu só gostaria de destacar quando comentasse os álbuns de estúdio. Apesar de viajar na parte elétrica deste show, gostei muito da acústica "Lotta Love" - uma música bela, singela, extremamente setentista, com direito a lálálá's e huuhu's como refrão. Ela é de um disco dele chamado Comes A Time (1978) e que muitos consideram uma obra mediana na carreira do cantor. Enfim, Neil Young consegue ser musicalmente selvagem como um índio desbravador e, ao mesmo tempo, delicado como a sombra de uma árvore na beira de um riacho, que é o caso desta música.


Ouça no vídeo abaixo a linda "Lotta Love":

05 agosto 2013

Resenha (Filme's): Guerra Mundial Z (EUA - 2013)



Filme: Guerra Mundial Z (EUA - 2013)
Diretor: Marc Forster

Se você é daqueles que não gostam de jeito nenhum de filme de zumbi, ou procuram um texto sobre um filme apenas para saber mais profundamente sobre os bastidores dos filmes, o que rolou por trás das câmeras, informações detalhadas sobre o histórico dos diretores e atores, descrição técnica do tipo de fotografia da imagem, enfim, se você é um profundo estudioso do cinema ou detesta filmes de zumbi, pode parar de ler agora e procurar um blog de alguém mais especializado.

Agora, se você é aquele cidadão comum que acha o ingresso do cinema caro e, quando vai ao cinema quer fazer valer cada centavo, e quer apenas ler um comentário de um cara comum igual a você dizendo se vale ou não à penas ver tal filme pelo filme em si, sem rodeios, então bem-vindo!

Existem duas formas de você construir um argumento para filmes de zumbi. O primeiro (e menos usado) é o espiritual. Explicar o porquê do zumbi existir por conta das forças do mal agindo na mente dos homens e tal - a outra, bem mais popular, é no campo científico, mais precisamente um vírus destrói o cérebro humano deixando apenas funcionando os instintos mais básicos, como comer, respirar, etc.

Guerra Mundial Z tem um bom argumento. Ao que parece, demorou muito para ser concluído devido a atritos de idéias entre Brad Pitt (principal estrela do filme), diretor e roteiristas. Mas a meu ver o resultado ficou muito bom. Devo ter lido em algum lugar que foi o filme de zumbi mais caro da história, e tô com muita preguiça no momento para ir atrás da veracidade desta informação.

Como o próprio título do filme sugere, a pandemia do vírus zumbiral (expressão minha) toma proporções mundiais, contaminando as principais cidades no mundo. E é aí que nosso herói (Brad Pitt) entra, como um ex agente da ONU que, com o apoio do exército americano, sai numa jornada em busca da solução deste problema.

Por ter muitas cenas abertas e durante o dia tive receio de não ter o mesmo efeito do formato mais clássico dos filmes de zumbis - corredores de prédios sem saídas à noite, e luzes falhando nos corredores.

Apesar de em certos momentos haver contextos assim, nas cenas abertas a tensão é a mesma. É quase como se fosse uma brincadeira de jô-ajuda do mal, do tipo: eu te mordo, te transformo em zumbi, e tu me ajuda a pegar o resto da galera.

A estética dos zumbis estão incríveis. E particularmente quando eles estão juntos, meio que formando uma verdadeira onda de zumbis engolindo tudo que vem pela frente é de arrepiar.

Então é isso desocupado leitor, temos aí um bom filme de zumbi, com ótimos efeitos, ótimas maquiagens e principalmente, um roteiro que minimamente dá um sentido coerente ao circo todo.

Assista no vídeo abaixo ao trailer do filme Guerra Mundial Z:

01 junho 2013

Resenha Livro's: LUZ & SOMBRA - Conversas com Jimmy Page



Livro: LUZ & SOMBRA - Conversas com Jimmy Page
Autor: Brad Tolinski
Ed. Globo
298 páginas

Todo degustador de rock que se preze já deve ter passado horas e horas trancado no quarto tocando guitarra imaginária ouvindo Led Zeppelin. Acho que Jimmy Page certamente está entre os três guitarristas que mais criaram riffs que incendiaram os ouvidos de jovens em todo o mundo.

Acho que o primeiro disco que ouvi do Zep foi o The Song Ramains The Same, registro ao vivo da banda em 1973 que virou filme. Lembro que a primeira vez que ouvi a verdadeira odisseia "Dazed And Confuded", com mais de vinte minutos de duração, com direito a arco de violino na guitarra e muita improvisação, caramba, fui ao céu e voltei. Enfim, falo mais sobre isso quando tiver o prazer de resenhar esse disco.

Muitas lendas giram ao redor da trajetória do Led Zeppelin. Hedonismo exagerado, ocultismo, drogas, mar de mulheres, tragédias, tudo fazendo parte da mística que fascina quem procura saber sobre a banda.

Adoro biografias de rockstars! É interessante principalmente saber como é a adaptação de gente que, em um minuto era anônimo, e em outro nem pode sair na rua por conta do assédio.

No caso do sr. Jimmy Page, este já estava a muito tempo trabalhando nos estúdios da Ingleterra. Aliás, era certamente o guitarrista mais requisitado. Então ele, de certa forma, já sabia como as engrenagens da produção musical da década de 60 funcionava. Quando começou a querer formar seu grupo ele já sabia exatamente onde estava pisando. Meio que a construção do Led Zeppelin já estava há tempos formada na mente deste talentoso guitarrista.

LUZ & SOMBRA é um livro feito pelo editor-chefe da revista Guitar World, que compila neste fascinante livro anos de inúmeras entrevistas com Jimmy Page. Então a história é narrada pelas próprias respostas de Jimmy. Assim também como entrevistas e textos com músicos, gente ligada aos bastidores da banda, das turnês, gente que estavam nas circunstâncias das mais diversas fases da vida de Jimmy Page.

O mais interessante é que o autor não poupa o guitarrista de perguntas mais incisivas sobre os mitos em torno da banda. Porém o guitarrista por vezes sai pela tangente. Mas ao mesmo tempo solta afirmações aqui e acolá que nos dão pistas.

Um diferencial também, e este para os músicos profissionais, é que o autor que é profundo conhecedor de equipamentos, conversa com Jimmy Page sobre questões técnicas das gravações, tipos de pedais, marcas de guitarras, técnicas específicas na elaboração de linhas melódicas, amplificadores, etc. Confesso que voei um pouco nestas partes, mas pra quem entende deve ser algo muito valioso de se ler.

Li este livro em menos de uma semana, gostei muito, e me sinto bem mais conhecedor dessa que é uma de minhas bandas prediletas, e certamente foi a mais importante da década de 70.

Dica: Leia o livro com o som ligado, e sempre que eles conversarem sobre as músicas é interessante você ouvir ao mesmo tempo que lê para aprofundar mais e perceber as coisas que eles estão falando. Isto tornou minha leitura bem mais instigante.

Resenha CD's: Pearl Jam - No Code (1996)


Banda: Pearl Jam
Álbum: No Code
Ano: 1996
Gravadora: Epic Records

Já é a quinta vez que eu tento começar essa resenha, querendo de certa forma explicar o porquê da ausência de semanas sem publicar nada. Pois é, começo dos 30 anos, às portas de um casamento, reforma de casa, trabalho, vida acadêmica, meu Deus, pára o mundo que eu quero descer!

E nesse turbilhão todo, quando menos se percebe, você está tomando um cafezinho na universidade pra enganar o sono e pensa: Caramba, meu blog!

Óbvio que o que me conforta é saber que não decepcionei muitos leitores (até porquê não tenho muitos). Porém, mas do que ser lido, esse blog foi feito de mim para mim mesmo (saiu meio meloso isso não?), no sentido de registrar nele os meus insights sobre as coisas que eu vivencio. Mais pelo fato de morrer de medo de ser aqueles velhotes sem memória, que vai precisar recorrer a esse site para oxigenar algumas lembranças para meu velho cérebro.

Estou vivendo meu momento de transição. Apesar da essência do velho George ainda existir, o momento também me faz passar por uma verdadeira metamorfose de postura diante da vida. Minhas questões são outras, meus sonhos e prioridades idem.

Assim como na vida, na minha vida, as bandas (pelo menos as sinceras) passam exatamente por isso. Pearl Jam começou a carreira com os dois primeiros álbuns Ten (1991) e Vs. (1993) chegando como voadoras sonoras nos ouvidos da geração do começo da década de 90 sedentos por representação. Todos os jovens cheios de sentimentos de inadequação em relação a sociedade se sentiram identificados com os primeiros trabalhos dessa banda.

Após o conturbado Vitalogy (1994) e toda a polêmica da banda por boicotar a Ticketmaster por conta dos preços abusivos e monopólio dos grandes shows nos EUA, a banda teve certamente um desgaste.

Uma vez que o tom das letras do Peal Jam são pessoais, autobiográficas até, e também contextualizada à realidade que eles vivenciam, é óbvio que o tom da proposta tinha que mudar.

Busca de si mesmo, paternidade, auto-conhecimento, introspecção, e até uma certa dose de espiritualidade, tudo isso estava em ebulição quando o Pearl Jam entrou em estúdio para gravar o seu então quinto álbum, o No Code (1996).

O álbum abre com a soturna "Sometimes", mas logo o ritmo é quebrado pela velha pancadaria da banda em "Hail, Hail", esta com um Vedder expressando sentimentos sobre um casamento em crise.

Logo, o experimentalismo vem com "Who You Are" e "In My Tree", que tem uma batida de bateria parecidas só que a última é mais acelerada, ambas com uma carga de questões existencialistas e introspectivas.

"Smile" dá uma desacelerada, com aspectos românticos e direito à gaita, como uma preparação para a linda "Off The Goes", perfeita para se ouvir à meia luz em uma madrugada solitária. Se você prestar bem atenção, às vezes o som chega até a soar um pouco Neil Young. Vedder nesta canção canta certamente sobre si mesmo, em terceira pessoa, em uma auto-análise sincera.

"Habit", "Lukin" e "Mankind" ainda soam como o velho Pearl Jam cheio de energia, apenas como forma de dizer: "Apesar dos pesares, ainda é a gente!". Mas o velho Pearl Jam acaba aí.

"Present Tense" veio para nos fazer lembrar do quanto o tempo passa rápido, e quando menos percebemos nossas mãos já estão com as marcas mais fortes. Envelhecemos! Aqui a banda soa mais Rock e menos Grunge. Na verdade o álbum todo é assim.

E para terminar, segue "I'm Open", que soa como os bons e velhos experimentos poéticos/musicais de um velho Jim Morrisson cheio de devaneios e nostalgias. E encerrando o álbum a linda "Around The Bend", que soa quase como uma cantiga de ninar, tendo a paternidade como principal inspiração.

Enfim, neste álbum a banda claramente mostra que amadureceu. Mas o público não! Apesar dos elogios da crítica, os fãs mais fervorosos ficaram insatisfeitos com o trabalho. Esperavam que a banda se engessasse em uma fórmula pronta e emplacasse até envelhecer álbuns sobre os conflitos de existência da juventude. Besteira! Os músicos amadurecem, obviamente as composições também acompanham essas metamorfoses.

Outra coisa legal no disco que quase esqueço de mencionar é o encarte. A capa é um amontoado de 144 fotos Polaroid, tiradas pela banda durante a turnê do Vitalogy, com inúmeras bizarrices.

Ganhei esse CD de uma ex namorada que achou essa bolachinha em um sebo à preço de banana e lembrou de mim. Garota legal né não?

Lembro que passei horas olhando foto por foto na capa. E dentro do encarte vem também mais Polaroids em tamanho real com as letras das músicas escritas na parte de trás das fotos.

Pois é, No Code é um marco na carreira da banda. Á partir de então a banda passou a soar diferente, apesar de ser a mesma. Assim como minha vida agora, estou diferente, mas sou o mesmo cara. E esse disco tem sido minha trilha sonora nestes meus dias tão cheios.

Bem-vindo a vida adulta George Facundo!

O lance é trabalhar bem muito pra que na velhice eu volte a ser adolescente!

A PREDILETA:

Para este álbum escolhi "Red Mosquito" como minha predileta porquê, além dela ter uma excelente linha de guitarra com várias camadas que me agrada muito, é uma canção que de certa forma marca bastante essa fase de transição do Pearl Jam. Ela tem um certo peso do começo da banda, mas uma sonoridade mais sofisticada, mais Rock clássico. Gosto muito dela, e ela me faz lembrar de todos os meus amigos ex-grunges que hoje estão tentando ganhar a vida em São Paulo e em outros lugares do mundo.

Escuto esse álbum com muito nostalgia, lembrando de velhos amigos, rodando as avenidas de Fortaleza pela madrugada ouvindo este disco no carro em volume máximo.

Tô ficando velho...

Have you ideas on how this life ends?
Check your hands and study the lines


Confira no vídeo abaixo a música "Red Mosquito":


10 abril 2013

Teatro: O bom ladrão (por George Facundo)


Introdução:

Não sei se todos sabem, mas sou Educador Social. Trabalho no Centro de Semiliberdade Mártir Francisca (CSMF), uma instituição do Estado do Ceará, pertencente a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS).

O educador social é aquele profissional que trabalha nas casas de medida socioeducativas de jovens e adolescentes infratores (ou, "em conflito com a lei", como quiser), que antigamente era chamada FEBEM, mas que graças a algumas significativas mudanças no estatuto da infância e adolescência, mudou sensivelmente algumas diretrizes e nomenclaturas que deram uma, digamos, oxigenada nas caducas estruturas.

Ainda assim, tanto pela falta de mais profundas políticas públicas nesta área, quanto a própria estrutura que em muitas unidades ainda estão bem precárias, há muito o que se avançar nesta área.

O Educador Social aqui no Ceará ainda não tem a profissão reconhecida (tanto que na carteira de trabalho tem "Instrutor Educacional"), e em algumas casas de medidas o "educador" é muito mais um agente carcerário (da pior espécie) disfarçado, do que propriamente um educador social.

Mas apesar destes que mancharam o nome de nossa profissão (e dos que ainda não foram demitidos), ainda existem um numero de heróis anônimos, espalhados em casas de medida fechada, na semiliberdade (meu caso), em abrigos, etc, que realmente acreditam no que fazem e lutam para uma condição de trabalho mais reconhecido pelo Estado.

Somos terceirizados, não temos plano de saúde, nem taxa de risco de vida, e para conseguirmos uma válvula de escape pelo fato de ser um trabalho tão duro, encaramos (assim como os irmãos professores) a nossa profissão como missão.

Nós educadores sociais trabalhamos corpo a corpo com os adolescentes, conversando, convivendo, tentando mesmo sensivelmente influenciar positivamente essas vidas. E nisso temos que, além de estar com eles, nos desdobrar em ideias e criatividade.

Como disse, trabalho numa semiliberdade, lá os adolescentes ficam cumprindo a medida de segunda a sexta e no fim de semana são liberados para ficar com suas famílias. Não sei como são as outras casas de medida (principalmente as fechadas), mas tenho sorte de, apesar da fragilidade de minha condição de educador social, trabalhar com uma equipe humana, que realmente acredita que a experiência dele na semiliberdade pode influenciar a vida deles e fazer com que eles mudem o curso de suas vidas. De uma vida de crime, morte, prisão e cemitério - para uma escola, um curso, um trabalho, um sonho.

Eu como educador social não posso ser juiz, não lido com crimes, não pergunto o que fizeram, não penso no que eles foram - penso (e sonho) no que potencialmente eles podem vir a ser.

Enfim, essa peça eu escrevi para ser encenada na unidade em que trabalho. Toda última sexta feira do mês temos um encontro com as famílias dos adolescentes. E sempre que o tempo (e a universidade) deixa, eu escrevo uma pecinha de teatro para ser interpretada tanto por funcionários quanto por adolescentes.

Resolvi inventar a história dos dois ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus. É quase O evangelho segundo o Facundo. Gosto de pensar em como era a vida dessas pessoas que viveram na periferia das grandes histórias. Jesus é cheio desses personagens: o paralítico carregado por amigos, a mulher com fluxo de sangue, o jovem rico sr. certinho e claro, esses dois ladrões que nos últimos momentos tiveram posturas tão diferentes diante da morte.   

Apresentamos a presente peça na quarta-feira que antecedeu o feriado de semana santa deste ano (2013). Eu fiz papel de Daniel, um adolescente fez papel de Joabe, e outros dois fizeram papel de soldado romano junto com educadores. A diretora da unidade foi Maria, o Fernando (professor de serigrafia) fez um excelente Pilatos. Enfim, algumas cenas que eram (em tese) para serem dramáticas fizeram as famílias bolarem de rir. Mas quando o enredo caminhou para o grand finale o público foi silenciando e o impacto da paixão tomou conta de todos.

Mesmo sabendo que Dimas era o nome real de um dos ladrões que foram crucificados com Jesus, resolvi usar o nome Joabe e Daniel em homenagem e dois adolescentes que passaram pela unidade e por conta do tráfico e das drogas foram brutalmente assassinados em seus bairros. Eu particularmente tinha uma grande afeição por eles, e senti bastante a morte desses dois adolescentes tão inteligentes, criativos e bem-humorados. Nunca vou esquecê-los...

Para o blog mudei algumas expressões que tinha no original que dizia respeito ao linguajar particular dos adolescentes para facilitar a sua compreensão, ó desocupado leitor.

E quem quiser aproveitá-la para encenar em algum lugar fiquem à vontade. Apenas uma condição: me convidem pra assistir.

Enfim, me digam o que acharam!

George Facundo

O bom Ladrão

Personagens:

Narrador
Daniel
Joabe
Soldado Romano 1
Soldado Romano 2
Soldado Romano 3
Soldado Romano 4
Pilatos
Mãe dos ladrões
Maria
Jesus
Ato I
NARRADOR:

Respeitável público
Quero agora que vocês prestem muita atenção
Pois está história que hoje contarei
Vai falar fundo ao seu coração

Vou contar a vocês
A história de dois rapáz
E é um conto antigo
De muito tempo atrás

É sobre a vida de dois jovens
Que andavam sem paz e nem luz
Viviam roubando e fazendo coisas erradas
Nos tempos de Jesus

Na vida e no crime eles eram irmãos
Tratavam a retidão e a justiça com desdém
Não tinham amor no coração
E aterrorizavam os arredores de Jerusalém

Os ladrões entram em cena fugindo de dois soldados romanos

Daniel – Bóra cara, a gente tem que se esconder! Rápido!
Joabe – Mas onde? Se a gente for pego de novo eles matam a gente!
Daniel – Que pegar o quê cara! Tá doido? Tá é ruin a gente ser pego! Segura tua onda!
Joabe – Tá doido? Eles tão vindo ali mah! Vão pegar a gente!
Daniel – Pronto, vamos ficar ali! Bóra, rápido, rápido!
Joabe – Bora logo, eles tão vindo!
Daniel – Pronto, cala a boca aí...

Após se esconderem, entram dois soldados romanos

Soldado 1 – Acredito não! A gente deixou eles escaparem de novo!
Soldado 2 – Aqueles vagabundos! Há se eu pego eles viu! Ainda bem que agora, pra manter a ordem, é tolerância zero... Tão crucificando tudim pra manter a ordem em Jerusalém. Essa porcaria de cidade já é agitada com esses profetas que aparecem todos os dias...
Soldado 1 – Pois é... Mas a gente tem que pegar eles! Num tem jeito não... A gente várias vezes já meteu a pêia neles e os bixo parece que ficam é mais ruim... Tem é que matar logo!
Soldado 2 – Então bóra, a gente tem que pegar eles, bora, bora!

Os soldados saem de cena e os dois ladrões saem do esconderijo

Joabe – Tá vendo aí? Agora se a gente for pegue a gente vai ser é papocar!
Daniel – Tá dizendo o quê mah? Quem entra nessa vida num pode ter medo de morrer não... E outra, eles dizem isso pra ver se a gente fica com medo deles.
Joabe – Eu num quero morrer não mah. E outra, nossa mãe morre de desgosto!
Daniel – A mãe é fraca mah! Ela queria o que? Que a gente fosse pedir esmola é? Eu morro mas não peço esmola!
Joabe – A gente pode trabalhar né não?
Daniel – No sol quente? Tu quer essa vida é? Ser pião? Olha aqui mah, o tanto de saco de moeda que a gente conseguiu!
Joabe – Pois é, achei essa tua ideia maior paia! Onde já se viu! Roubar o povo durante o sermão daquele profeta, comé mesmo o nome dele?
Daniel – Sei lá, aquilo é um doido! É lá de Nazaré... Daí tu tira, tem nada que preste lá.
Joabe – Nada que preste é? Tu num viu não ele curando aquele cego? E tu num pode nem dizer que é mentira porque aquele cego a gente conhece faz é tempo...
Daniel – Inclusive a gente até roubou ele né? Hahahahahahaha
Joabe – A gente nada, foi tu! Eu fui contra!
Daniel – Tu é um frouxo mah! Aquele bixo nem deu falta das moeda. Ele era cego, tava nem vendo... hahahahahaha
Joabe – Vai brincar com isso bixim! Um dia Deus te castiga!
Daniel – E Deus lá liga pra gente cara! Os fariseus num olham nem na nossa cara! Só querem ser os santarrão... Ficam lá andando todo arrumado, se acham melhor que todo mundo. Sou ladrão? Sou! Nego não! Mas num me troco por nenhum deles... Aquilo é tudo nojento, num gostam de ninguém... Ei mah, Eiiii... Tô falando contigo, tá viajando é?
Joabe – Tava pensando nas coisas que aquele homem falou... Nunca vi ninguém falar como ele! E ele falava dum jeito que todo mundo entendia...
Daniel – Eu só vi foi o povo hipnotizado, com os olhos tudo arregalado olhando pra ele... Foi mó limpeza roubar o povo, ninguém nem percebeu, bando de trouxa!
Joabe – Tu acha que ele é o Messias?
Daniel – Aquilo parecia um mendigo mah... Tu num viu não as roupas dele? Ele e o povo que segue ele vive no mei do mundo... Tudo um bando de vagabundo!
Joabe – Quem é tu pra chamar os outro de vagabundo mah? E outra... Ele é profeta viu! Ele adivinhou uma coisa que a gente fez! Tu lembra?
Daniel – Pois num é, ele contou lá pra todo mundo aquele assalto que a gente fez com aquele cara, a gente meteu a chibata nele e deixou ele lá... Pensei que tinha matado ele!
Joabe – O profeta lá disse que teve um cara samaritano que ajudou ele... Pagou remédio, hospedagem e tudo! Ele sobreviveu mah...
Daniel – Um samaritano ajudando um judeu legítimo? Esses povos se odeiam mah... É tipo TUF e Cearamor! Esse profeta é um mentiroso!
Joabe – Acontece que o profeta adivinhou o que a gente fez! E aí? O que você acha dele?
Daniel – O que eu acho? É um cabueta! Se ele tivesse apontado pra gente eu tinha quebrado ele!
Joabe – Mas ele olhou pra mim e sorriu mah... Nunca vi ninguém igual a ele.
Daniel – Tu tem que prestar atenção é nisso aqui mah... Olha aqui quanto a gente roubou... Temos moeda aqui de sobra... Quero é ver a mãe reclamar!
Joabe – A mãe já disse que não quer que a gente use dinheiro do roubo pra levar as coisa pra casa...
Daniel – Pois ela vai morrer é de fome! E outra, quié que tá acontecendo contigo mah? Tu tá diferente! Desde que a gente voltou daquele monte e tu viu aquele cara lá falar tu tá mei assim... Vai querer virar fanático também?
Joabe – Deixa de ser besta mah... Né isso não... É que de repente, essa nossa vida pareceu mei sem sentido... Tu num viu ele dizendo não? De que vale a gente ganhar o mundo e perder a alma?
Daniel – E tu tem alma agora é? Tu é uma carniça mah...
Joabe – Ele disse que se a gente acreditar, quando a gente morrer a gente vai pro reino dele...
Daniel – Tu vai é pro reino dos tapuru embaixo da terra mah! Hahahahahahahahaha

Entram em cena, sorrateiramente, os dois soldados romanos, e anunciam a prisão

Soldado 1 - Harááá! Finalmente peguei vocês! A casa caiu seus meliantes!
Soldado 2 – Eita que nosso chefe vai ficar orgulhoso da gente! Pegamos os elementos mais perigosos de Jerusalém!
Soldado 1 – Já pensou? Talvez role até promoção!
Soldado 2 – Tá é vendo é? A gente sendo capitão lá em Roma? Sair desse buraco!
Joabe – Pelo amor de Deus! Prende a gente não! Nossa mãe só tem nós dois!
Daniel – Taí ó, podem ficar com o dinheiro e liberem a gente vai lá!
Joabe – Tá vendo onde tu meteu a gente?
Daniel – Eu num te obriguei a nada, tu veio porque quis!
Joabe – Eu sabia que isso ia acontecer com a gente! A gente dessa vez não escapa irmão!
Daniel – Tá dizendo o que mah? Morreu enterra!
Soldado 1 – Calem a boca! Podem fechar essa matraca! Vamo levar vocês dois pro chefe!
Soldado 2 – Menos dois fora de circulação! Ô beleza!!! Bora logo levar esses elementos!

E aos chutes e maltratos, os dois soldados conduzem os irmãos para audiência com Pilatos. Ao sair de cena, uma mesa é posta no cenário e têm-se então o gabinete de Pilatos

Ato II

Narrador:

Presos em flagrante
Sem ação de dar qualquer argumento
Os soldados levaram os irmãos presos
Para Pilatos fazer o julgamento

Pilatos era representante de Roma
Mandava e desmandava na cidade
Tinha fama de impiedoso
Encarnava a crueldade

Antes dos irmão Joabe e Daniel
Entrarem em cena para o julgamento
Ele tinha acabado de mandar Jesus de Nazaré
Para a cruz sofrer seus tormentos

Para Pilatos foi um dia importante
Foi uma decisão para colocar ordem no estado
Ainda sim para ele foi uma decisão difícil
Ele estava exausto e cansado

Pilatos entra em cena

Pilatos – Caramba, tô cansado! Esse Jesus me deu um trabalho, mas finalmente consegui me livrar dele. Lavei minhas mãos! Owwww povo estranho são esses israelitas, preferiram o ladrão assassino e arruaceiro Barrabás do que aquele pobre coitado. Por hoje já basta, vou pra casa!

Entram em cena agora os soldados com os presos

Soldado 1 Chefe, chefe! Olha só o que a gente trouxe pro senhor!
Soldado 2 - Esses meliantes aqui é o Joabe e o Daniel!
Pilatos – Não acreditooo!!!!! Fazia tempo que eu procurava vocês seus pilantras! Ninguém dormia sossegado nessa cidade por causa de vocês!
Joabe – Tem misericórdia da gente senhor!
Soldado 1 – Cala essa boca!
Pilatos – Misericórdia???? Vocês ainda tem a cara de pau de me pedir misericórdia? Já é a quinta queda de vocês! E pelo visto todas as chicotadas e espancamentos e dias trancafiados não serviram de nada!
Soldado 1 – É mesmo viu chefe! Nesses aí nem pêia dá mais jeito!
Pilatos – Vocês não me pegaram num dia bom! Acabei de condenar um cara a morte que valia muito mais que vocês! Ele morreu só por inveja daqueles fariseus imbecis. Coitado! Mas fazer o quê né não? Tudo pela ordem! Mas vocês, hááááá, o povo vai me agradecer muito se eu der fim de vocês!
Joabe – Por favor senhor! Misericórdia da gente! Prometo que vou mudar! A pobre da nossa mãe só tem a gente!
Pilatos – E você Daniel? Tem nada a dizer não em sua defesa?
Daniel – Tá é ruim eu me humilhar! Pode me prender, mas num imploro pra vocês nem a pau! Tá dizendo nada! Pode mandar meter a pêia e me mandar pra cadeia que num tô nem aí...
Pilatos – Prender? Vocês vão é morrer! Soldados!!!!
Soldado 1 e Soldado 2 – Sim senhor!!!!
Pilatos – Metam uma sola neles tão grande que eles nunca tomaram na vida deles, mas eu quero que vocês ralem o corpo desses vagabundos na pêia, depois, aproveitem que já vai ter um sendo crucificado e crucifiquem eles também!
Joabe – Nãããoooo!
Soldado 1 – Calaboca! Difunto não fala!
Joabe – Por favor!!!! Senhor!!!! Piedade!
Soldado 2 – Bóra que bandido bom é bandido morto!

Tantos os soldados maltratando os presos quanto Pilatos saem de cena

Coloca-se em cena então três pedestais de madeira onde irá ser o calvário, onde será postos os três personagens crucificados

Ato III

Narrador:

Então os irmão
Joabe e Daniel
Antes de serem cricificados
Foram levados pelos soldados para uma tortura cruel

Enquanto isso, lá no calvário
Havia da mesma forma um momento de tristeza e dor
Pois muitos estavam presenciando
A crucificação de Jesus, o salvador

Entra em cena jesus, com dois soldados romanos o chicoteando e Maria (a mãe de Jesus) entra também chorando, acompanhando o filho e os soldados

Soldado 3 – Bóra seu molenga! Anda! Deixa de ser frouxo!
Maria – Meu filho!!!! Não façam isso com meu filho!!!
Soldado 4 – Cale essa boca mulher! Vamos, se afaste!
Soldado 3 – Pronto, pega os pregos aí...
Soldado 4 – Esse zé ninguém aqui diz que é o rei dos judeus! Só se for mesmo viu!
Soldado 3 - Ficou massa essa coroa que a gente fez pra ele né? Né não reizinho? Fala!
  
Então Jesus é crucificado... A mãe fica aos pés dele chorando, e os soldados romanos ficam em volta...

Pouco depois entram os outros soldados com os dois irmãos

Soldado 1 – Bóra seus bandidos! Seus pilantras! Agora que tá começando a dor de vocês!
Soldado 2 – Olha só quem tá aí mah!
Soldado 3 – Os melhores soldadinhos de Roma! hahahahahahahaha
Soldado 1 – Podem ir frescando com a nossa cara! Pois olha só o que a gente trouxe...
Soldado 2 – Pegamos os meliantes mais procurados de Jerusalém!
Soldado 4 – Grande coisa! A gente aqui pegou foi um doido metido a revolucionário! E vocês sabem né? O que é umas moedas de ouro roubada aqui, um assalto a uma casa ali, diante de um rei que queria derrubar o império romano?
Soldado 1 – Derrubar o império romano??? Esse aí???
Soldado 1 e 2 – hahahahahahahahahahahahahahaha
Soldado 2 – Um trapo de gente desses! Rei??? Vocês são umas comédias mesmo!
Joabe – Olhaí Daniel! É Jesus! O mestre!
Soldado 1 – Cala essa boca idiota!!!! Bora logo crucificar esses dois que eu quero ir beber alguma coisa no fim do expediente!
Soldado 2 – Bora lá vocês dois! Anda!!!

Os dois são crucificados um de cada lado de Jesus

Narrador:

A dor era profunda
Os soldados zombavam com insolência
Que morte triste era essa da cruz
Um dos piores tipos de violência

E em momentos assim
Com o coração cheio de amor, e sem o menor julgamento
Sempre existe a figura da mãe
Que sobre os filhos derramam lágrimas de lamento

Ao lado de Maria ela chegou
A mãe de Daniel e Joabe
A tristeza dela era tão grande
Que o choro se ouvia por toda a cidade

Para ela era uma tragédia
Um castigo de Deus, uma má sorte
Ter seus dois únicos filhos
Pendurados no madeiro entregues a morte

Mãe – Meus filhos pelo amor de Deus! Nãããoooooo meu filhos nãão!!!! Tire meus filhos daí soldado! Por favor!
Soldado 2 – Quié que a gente faz com ela chefe?
Soldado 1 – É uma pobre desgraçada, deixa ela aí com a outra mãe...
Mãe – Joabe e Daniel meus filhos, e agora o que vai ser de mim meus filhos? Deus me esqueceu!
Maria – Chegue aqui minha irmã, chore comigo, também estou com meu filho no madeiro!
Daniel – Sai daqui mãe! Sai... Da qui... coff coff coff
Joabe – Mãe me perdoe! Me perdoe mãe! Me dê sua bênção pra eu ir em paz!
Mãe – Meu filhinho Joabe, pra quê você foi entrar nessa vida meu filho? Por quê???
Soldado 2 – Não aguento mais essas mães! Vou enxotar elas daqui!!!
Jesus – Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!
Soldado 1 – Até quando tá pra morrer é metido a falar igual a rei! Hahahahahaha
Daniel – Ei... Eiiiiii Jesus! Coff coff... Se tudo que tu disse é verdade, se salve e salve a gente!
Joabe – Cala essa boca Daniel! Coff coff! Nem na morte tu aprende a ter humildade! Jesus é um santo, não tem culpa nenhuma, é um homem de Deus! Enquanto nós estamos aqui porque merecemos... Coff Coff... Senhor Jesus, se lembre de mim quando tiver no teu Reino...
Jesus – Hoje mesmo estarás comigo no paraíso... Senhor... A Ti entrego o meu espírito...

Jesus, Daniel e Joabe morrem

Narrador:

E aqui termina a história
Dos irmãos Daniel e Joabe
Suas escolhas erradas
Os levaram pra morte com pouca idade

Daniel era frio
Não tinha misericórdia nem compaixão
Não só escolheu o caminho errado
Também levou consigo seu irmão

Daniel, nem nesse momento crucial
Vendo ir embora sua sorte
Não teve nenhuma atitude
De mudar o coração diante da morte

Joabe por outro lado
Em seus últimos momentos
Repensou a sua vida
E mudou o coração e seus sentimentos

A morte veio para ele cedo
Cheio de dor e brutalidade
Ainda assim reconheceu todos os seus erros
Pra sua mãe pediu perdão, na humildade

Joabe serve de exemplo
Que pra mudar basta ter o intuito
Não importa se durante a vida
Ou no último minuto

Vocês são todos jovens
Então curtam sua mocidade
Se aproximem de Deus
Como fez o jovem Joabe

Se afastem de Daniel
Que é daqueles que se fingem de amigo
Lhe ilude, lhe angana
E lhe arrasta pro perigo

Não desperdice sua vida
Nem desista de seu sonho
Seja bom, honesto, estude, trabalhe
Esse conselho te proponho

E se mesmo assim
Se essa caminhada te cansar
Saiba que terá sempre um Mestre
E em seus conselhos podem confiar

Jesus está de braços abertos
O Mestre tem um grande coração
Não importa se você é o mais certinho
Ou o pior ladrão

Mesmo sendo filho de Deus
Ele não é de julgar
Ele só quer o seu coração
Para moldar e transformar

Não seja como Daniel
Teimoso, que não se humilha
Mude como Joabe
E passe a Semana Santa perto de sua família

Cuidado com esse feriado
Não escolha o mal, não se arrisca
Volte são e salvo para esta unidade
Esse é o desejo de todos nós, do Mártir Francisca


FIM

16 fevereiro 2013

Resenha (Livro's): A mensagem de 2 Tomóteo - "Tu Porém..." (1982)



Livro: A mensagem de 2 Tomóteo - "Tu porém..." (Série A bíblia fala hoje)
Autor: John Stott (1921 - 2011)
Editora: ABU Editora (6a edição - 2005)
Páginas: 123

Em julho de 2011, enquanto o mundo lamentava a morte prematura de Amy Winehouse, uma significativa parcela do mundo cristão (pelo menos aquela que gosta de ler) chorou a morte de um dos autores cristãos mais férteis do século passado - John Stott.

Conheci este autor nas minhas aventuras (e desventuras) na ABU (Aliança Bíblica Universitária) nos núcleos da região Nordeste. E neste simpático movimento, ler John Stott era quase que uma obrigação. Eu até brincava dizendo que, à semelhança dos movimentos católicos, a ABU também tinha seu padroeiro virgem (Stott nunca casou...).

No mundo das leituras cristãs, tenho no John Stott aquela figura do velho sábio, aquele xamã, cheio de sabedoria, dono da reta razão (leia-se doutrina), que apesar de em certos momentos você achar ele um tanto ortodoxo (leia-se careta), ainda assim você alimenta um profundo respeito por ele.

Ele consegue escrever sobre a Bíblia, e toda a sistemática do pensamento cristão, sem ser enfadonho e robótico. Ele coloca a sua personalidade em cada frase, sempre lincando os princípios bíblicos levando em conta o contexto da época (muito importante quando se lê as cartas de Paulo), para daí sim trazer a reflexão para os dias de hoje.


O velho John Stott
O santo padroeiro virgem da ABU


E lendo este comentário de Stott em A mensagem de 2 Timóteo, você mergulha no contexto em que Paulo escreveu esta carta para um de seus discípulos prediletos.

Segundo Stott, no contexto desta carta, muito provavelmente Paulo estava preso em Roma, e há poucas semanas (dias ou horas, ninguém sabe) de ser executado. E da prisão, Paulo escreve esta carta, dando conselhos e encorajando Timóteo, que se achava muito inseguro para assumir uma posição de liderança.

Entrando mais a fundo nas cartas de Paulo, em especial 2 Timóteo, fico pensando sobre essa nostalgia toda que alguns têm sobre a chamada "igreja primitiva". É curioso ver Paulo, já naquela época, dando severas instruções ao jovem discípulo sobre como combater inúmeros ensinamentos errados, se afastar de gente gananciosa e hipócrita, isso dentro da igreja.

Gente que têm este tipo de nostalgia tem que ler as cartas de Paulo com mais atenção! Tanto que algumas admoestações que Paulo fez em relação a alguns erros daquela época, mais do que nunca, torna-se relevante para nós hoje. Com todo respeito a perspectiva "imagem e semelhança de Deus", o ser humano é osso! Em qualquer momento da história.

O que me emociona nesta carta a Timóteo é perceber Paulo, sentindo a morte aproximar-se, enche-se de esperança, mostrando que liberdade, muito mais que uma geografia, é um estado de espírito. Afinal de contas, que tipo de prisão pode existir no mundo, ou ameaça de morte, que possa nos separar do amor de Deus? É diante da morte que realmente experimentamos se o que a gente acredita de fato faz sentido ou não.

Ainda assim, Paulo ainda alimenta esperanças de rever Timóteo pela última vez, e o pede que o visite em Roma, e que traga sua capa e seus pergaminhos.

Será que houve tempo de Timóteo vê-lo? Ninguém sabe...

Nesta carta está uma das mais belas declarações de Paulo, onde o mesmo com sobriedade e diante da morte escreve a sua confissão de fé em uma esperança que está além da morte:

"Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda"
2 Timóteo 4. 6-8


Muitos cristãos trucidados por Roma devem ter balbuciado estas palavras antes de morrer. O legado de Paulo é inegável na construção desta tradição cristã que vem desde a antiguidade até tal qual a conhecemos hoje.

Há até quem diga que a igreja contemporãnea é mais paulina que cristã... Será?

Gostei muito da leitura deste livro. Realmente John Stott conseguiu atingir a sua proposta. Depois da leitura desse seu comentário você (gostando de Paulo ou não) vai passar a respeitá-lo mais. Ira perceber como não era fácil ser um propagador do evangelho aquela época.

E agora entendo do porquê que John Stott e ABU formaram, durante tantos anos, um casamento perfeito. Pois o mesmo (Stott), à semelhança de Paulo a Timóteo, teve em seu ministério a preocupação de deixar o legado de Cristo para as gerações que viriam após ele. Caras como eu, que mesmo metido a progressistazinho, sempre encontro no velho Stott um porto seguro em meio a todos os meus relativismos interiores.

06 fevereiro 2013

Resenha (Filme's): A arte da conquista (EUA - 2011)


Filme: A arte da conquista (EUA - 2011)
Diretor: Gavin Wiesen
Estúdio/Produtora: Vinny Filmes

Sabe aqueles filmes que você sai da lada de cinema com um sorrisão no rosto por ter visto um filme tão legal? Pois é, é assim que você provavelmente vai ficar ao término desse ótimo A arte da conquista.

O filme parece ser simples, narra a estória de um garoto com crises existenciais que busca algum sentido em um mundo sem sentido. Conhece uma garota, se apaixona, e tudo muda.

Mas não se deixem levar pelas aparências. O filme é muito bem roteirizado, os diálogos estão muito bons. A escolha do elenco foi um tiro certeiro, e a linda (e neste momento eu respiro fundo pois senão meu coração pára) Emma Roberts, com seu olhar de fazer destroçar qualquer coração mais sensível, está ótima. O garoto que protagoniza com ela é o muito bom Freddie Highmore (o garotinho do filme O som do coração [EUA - 2007]), e com participação também do, agora já grande Michael Angarano (o garotinho da fase pré-adolescente do protagonista do espetacular Quase Famosos [EUA - 2000]). Sem contar uma Alicia Silverstone já bem coroa fazendo o papel da professora.

Mas realmente, para mim, a beleza de Emma Roberts (sobrinha de Julia Roberts) rouba a cena. É incrível como a câmera gosta dela. A atuação dela é bem econômica, mas é na sutileza de suas expressões (um olhar de canto de olho, um leve sorriso no canto da boca) que fazem toda a diferença. Gostei dela de cara! E assim como sua tia famosa, ela tem todos os atributos para se tornar uma verdadeira queridinha da indústria. Isso se ela tiver um bom agente e fizer boas escolhas para filmes, obviamente.

Emma Roberts

O filme, além de tratar das questões existenciais do protagonista, ainda vai explorar esse complicado mundo dos relacionamentos. Das várias formas de se expressar o amor. Dos encontros e desencontros. Das imaturidades nas atitudes que nos levam a maturidade. Fala do amor nas suas formas mais básicas (familiar e amorosa), e como as relações são poderosas para nos transformar e mudar o curso de nossas vidas.

Enfim meus caros, recomendo muito esse filme. Assisti ele numa sessão de arte no shopping, e pretendo revê-lo outras vezes. É daqueles filmes deliciosos de se assistir. Daqueles que você assiste várias vezes e não se cansa. De fato, no seu sentido mais literal, um excelente entretenimento!

Assista abaixo o trailer do filme A arte da conquista:

05 fevereiro 2013

Resenha Filme's): O Hobbit - Uma jornada inesperada (EUA/Nova Zelândia - 2012)


Filme: O Hobbit - Uma jornada inesperada (EUA/Nova Zelândia - 2012)
Diretor: Peter Jackson
Estúdio/Produtora: Warner Bros., MGM, New Line Cinema, WingNut Films, 2Foot7

Vou logo direto ao ponto. Se você é um cara obcecado pela saga Senhor Dos Anéis e estudioso da literatura de J.R.R. Tolkien pode procurar outra fonte de leitura porquê não estou escrevendo para você, que muito provavelmente está querendo um bom insight sobre o filme, algo que você não conseguiu enxergar. Pois é amigo, procure outro blog porquê aqui não é o que você está procurando.

Estou escrevendo esta resenha para um publico leigo, parecido comigo, que não conhece a fundo a obra do autor, mas que curte comer uma pipoquinha com Fanta laranja vendo um bom filme no cinema.

Pois muito bem. Eu particularmente gostei muito da longa saga Senhor Dos Anéis (EUA/Nova Zelândia - 2001, 2002, 2003), que teve em cada livro uma versão cinematográfica. Chegamos então a outro ponto. Se você detestou a trilogia O Senhor Dos Anéis, também pule fora deste texto, pois O Hobbit é na mesma vibe.

Se você gostou da saga do Frodo e seus amigos, mesmo achando o filme looooooongo, então te digo com toda categoria que realmente esse O Hobbit está mais que recomendado.

Fiquei preocupado quando soube que ia ser uma trilogia, pois o tamanho do livro equivale a apenas um dos livros do Senhor dos Anéis. A saga de Bilbo, o bolseiro se passa cronologicamente antes do Frodo. Trata, entre outras coisas, como o Anel foi parar nas mãos de Bilbo.

Por conta da equação tamanho do livro + duração do filme fiquei pensando se o Peter Jackson não ia criar um filme longo, sem objetivo, enchendo linguiça o tempo todo. Mas não. O filme está muito bem construído. E o diretor bebe não só do livro O Hobbit, mas também de outras obras do autor que tem direta ou indiretamente ligação com a saga de Bilbo, o bolseiro.

Vá ver esse filme tendo na mente a ideia fixa de que ele é apenas a primeira parte de três. O filme em si não se sustenta. Mas se você abrir a mente para o todo da coisa, vai ter uma boa simpatia por esta primeira parte.

Peter Jackson consegue escrever um bom roteiro, para que tanto os fãs, quanto os marinheiros de primeira viagem possa admirar a obra. Quando você está ficando com sono sempre tem uma sacada de humor para acordar o telespectador.

Vale muito à pena entrar nesta jornada. O que me cativa mais no filme é exatamente pelo fato do diretor ser um fã alucinado dos livros de Tolkien. Então, por ser dirigido por um admirador, a coisa sai mais caprichada e, mesmo com a objetividade do cinema, ele consegue passar a essência do livro. Coisa que, infelizmente, não aconteceu com as filmagens das Crônicas de Nárnia, inspiradas nos livros de C.S.Lewis, que é uma saga espetacular, porém, a meu ver, foi dirigido com profissionalismo, mas não com paixão, como o foi o Senhor dos Anéis, e agora O Hobbit, nas mãos de Peter Jackson.

Veja no vídeo abaixo o trailer do filme O Hobbit - Uma aventura inesperada:

02 fevereiro 2013

Resenha (Filme's): O impossível (EUA/Espanha - 2012)


Filme: O impossível (EUA/Espanha - 2012)
Diretor: Juan Antonio Bayona
Estúdio/Produtora: Paris Filmes, Apaches Entertainment, Telecinco Cinema

Engraçado pensar na morte. Depois dessa terrível tragédia em Santa Maria (RS), onde mais de 130 jovens morreram asfixiados pela fumaça tóxica gerada por um incêndio causado por um efeito pirotécnico que deu errado no palco, eu fiquei pensando que, de fato, a morte na maioria dos casos aparece de forma imprevisível. Enquanto muita gente morre de medo de avião (dentre os quais eu me incluo) por medo de um desastre, você têm uma tragédia dessas acontecendo em uma boate onde, de fato, a morte é a última coisa que alguém acha que pode encontrar lá. Aliás, a morte não tem um pingo de educação, chega sem avisar.

Comecei o texto dessa forma um tanto sombria por conta do que se trata esse filme. Em 2004 um tsunami gerado por um terremoto no fundo do mar, varreu uma boa parte da costa da Ásia, matando mais de 230.000 pessoas. Uma tragédia sem proporções. E, na perspectiva das vítimas como ela (a morte) chegou? Num dia lindo de sol, em algum hotel paradisíaco. Quem poderia imaginar? Quem?

Pois o excelente filme O impossível trata desta tragédia. No caso, a história real de uma família sobrevivente.

Já tinha visto uma abordagem desse tsunami no filme Além da vida (EUA - 2010), de Clint Eastwood, com efeitos espetaculares (tanto que concorreu ao Oscar na categoria efeitos especiais). Lembro que no cinema eu fiquei me segurando na poltrona de tão tenso.

Pois os efeitos especiais desse O impossível potencializa umas 10 vezes os efeitos do Além da vida. É assustador e muito real. Realmente eles conseguiram chegar bem perto do que deve ter sido para as vítimas passar por essa onda de lama e destroços inundando a costa da Ásia. E principalmente, retrata o pós-tragédia. A multidão de feridos em hospitais precárias. A busca das famílias por desaparecidos. Um caos sem proporções.

Em específico os personagens do filme, essa família realmente teve muita sorte. E digo sorte mesmo! Daí o título do filme, O impossível.

Enfim, apesar dos claros apelos emocionais para fazer o público chorar, os atores estão ótimos. Em especial a atriz Naomi Watts que, inclusive, está concorrendo ao Oscar na categoria melhor atriz. E também para o ator mirim Tom Holland que estava simplesmente bárbaro! Esse garoto certamente merece ser acompanhado com muita atenção nos próximos filmes em que for atuar. É certamente uma promessa!

Lembro que muitos meses antes de ver esse filme o trailer foi disponibilizado. Quando eu vi alguns momentos dos efeitos especiais, e tudo isso ao som de "One" do U2, caramba, desde então fiquei esperando esse filme ser lançado contando os segundos. E saí da sala de cinema impactado, tanto pela realidade visceral que foi essa tragédia, quanto pela emoção de perceber o calor humano, a solidariedade e o altruísmo de muitos personagens sem nome que passam pelo filme representando muitos heróis que nunca vão ser conhecidos, mas certamente fizeram diferença na vida de muita gente após essa lamentável tragédia.

Assista abaixo o trailer do filme O impossível:


* * *

Interlúdio Teológico

Onde estava Deus?

Não sou teólogo, nem um profundo conhecedor das religiões. Mas uma coisa que me chamou muito a atenção após essa tragédia foi um sem número de pessoas ditas religiosas atribuindo a Deus o que aconteceu na Ásia. Sabe, aquelas coisas bem mesquinhas do tipo: "Foi o dedo de Deus!"

Isso me dá calafrios!

Será mesmo que Deus é o responsável direto por tamanha catástrofe? Porquê ele faria uma coisa dessas?

Alguns disseram que é por conta da Ásia ser pagã... Mas, como assim? Se Deus (se é que ele existe) fosse levar a fundo seus elevados padrões de conduta humana, qual lugar nessa bolinha suja e redonda perdido no espaço não mereceria uma bela ondinha? O Brasil então nem se fala... E é ainda pior, pois sendo um dos países mais corruptos do mundo, com uma desigualdade social gigantesca, e violência e vulgaridade a todo vapor, se confessa 90% cristão. E aí meu caro Watson?

Tenho um amigo que perdeu duas pessoas da família para um desastre de automóvel. Eu estava perto dele quando alguém chegou para consolá-lo e perguntou:

- Você está com raiva de Deus?

No que ele respondeu:

- Não, estou com raiva da física (por conta da força centrifuga) e do motorista bêbado que não conseguiu controlar aquele maldito carro.

Acho muito idiota quem acha que, por ser cristão, tem a ilusão de ter em volta um campo de força que bloqueie qualquer tipo de acidente, tragédia, doença ou qualquer coisa negativa. Se for pensar assim, o próprio Jesus foi o maior dos derrotados, pois o mesmo (como eu, você e toda torcida do flamengo sabem) foi, no auge dos seus 33 anos, brutal e injustamente assassinado pelos religiosos e, claro, Roma.

Que dirá então da primeira geração de discípulos? Ou até mesmo da segunda geração, que boa parte terminou como ração para os leões das arenas? Se converter nos três primeiros séculos de cristianismo era literalmente assinar a própria sentença de morte.

Essa coisa de triunfar em tudo, de ser vitorioso e intocável, essa teologia extremamente materialista e, porque não dizer, interesseira, é fruto da própria cosmovisão do ocidente, que por sua natureza é utilitarista e gananciosa. Não adoram a Deus pelo que ele é, mas por aquelo que ele pode oferecer. Um deus que parece mais com o papai Noel (que recompensa os bem comportados) do que o Messias sofredor, que nos ensinou que, independente dos sofrimentos aqui, podemos guardar a esperança de que, encontrar a vida é algo que alimenta uma real esperança naquilo que transcende a matéria.

Em tese, a morte não deveria ser A (bem maiúsculo mesmo) grande questão para o cristão. E nisso temos muito o que aprender com o oriente.

Em um contexto hedonista como o nosso, falar de uma esperança no pós-morte é quase uma blasfêmia.

Para os saudáveis em bem-sucedidos sim, a vida após a morte é um assunto horroroso. Mas para os moribundos dos hospitais, as vítimas da tirania, os famintos em lugares desolados do mundo, para quem está a margem do capital, esse assunto, particularmente, pode vir a ser de grande interesse.

Mas ainda insisto na pergunta: Onde estava Deus no tsunami de 2004?

Talvez no coração de centenas de médicos e enfermeiros que viajaram continentes para, voluntariamente, ajudar as vítimas. No coração de pessoas que distribuíram água, remédios, banho, comida, organizaram lista de desaparecidos, anônimos ajudando gente que nunca viu na vida.

Então a resposta está no homem?

Sim!

Quase todos os ateus que eu conheço não o são por contemplação. A maioria é decepcionado com a religião (com toda razão!) e com as atrocidades que os homens fazem em nome de Deus (inquisição, alienação, corrupção, e a lista segue, e é grande).

Da mesma forma não acredito em nenhuma garota que ache que todo homem é cachorro apenas baseada em um sincero estudo antropológico. Nada disso! Todas as garotas que eu conheço que não acreditam mais nos homens passaram uma ou mais vezes por mãos de caras cafajestes.

Se Deus existir, ele deixou sua reputação muito fragilizada quando escolheu os homens para serem seus porta-vozes. Se Deus for tão idiota ou intolerante quanto a maioria dos cristãos que eu conheço, acho que até eu me tornaria ateu também.

A situação de Deus é bem complicada... Se delega sua mensagens aos homens, corre o risco de deturparem  seus princípios e sua natureza (e estão aí os livros de história como testemunhas). Se resolve aparecer com toda a sua potência e poder vai, muito provavelmente, ser seguido muito mais por medo do que por sinceridade. A experiência do êxodo está aí em sua bíblia como prova de que soberania não é garantia de nada. O poder demonstrado para proteção do povo não é garantia nenhuma de manter o coração da nação fiel.

E se isso ainda não bastasse, quando uma catástrofe acontece, temos o hábito de explicar essas tragédias como vontade (ativa ou permissiva) de Deus. Herança direta dos medievais. Não aprendemos nada com os erros do passado.

Coitado de Deus!

Eu não queria estar na pele D'ele, sinceramente...

Então, nas mãos do homem está todo o poder de aproximar ou afastar alguém de Deus e suas virtudes. As nossas palavras e nossas ações podem ser fonte de vida ou morte para alguém. E não me reviro a vida e morte apenas na questão orgânica da coisa.

Você, ó desocupado leitor, tem em suas mãos o poder de matar ou ressuscitar sonhos, matar ou ressuscitar a capacidade de amar, matar ou ressuscitar a alegria, a fé, a esperança na vida de muitos. A escolha é nossa!

Termino aqui citando um exemplo de um crime bárbaro que aconteceu na periferia de Fortaleza uns anos atrás. Uma linda criança foi brutalmente estuprada e assassinada no bairro Conjunto Ceará. Os pais dela eram cristãos fervorosos. O assassino sequestrou ela na igreja e a matou.

Onde estava Jesus quando essa criança foi assassinada?

No que o pai, para toda a imprensa ouvir consternada, respondeu:

- Onde estava não sei. Mas sei com absoluta certeza onde Ele não estava! E com certeza sei que Jesus não estava no coração daquele assassino.

E aqui termino minha tagarelice.

"Assim, quando este corpo mortal se vestir com o que é imortal, quando este corpo que morre se vestir com o que não pode morrer, então acontecerá o que as Escrituras Sagradas dizem:
A morte está destruída!
A vitória é completa!

Onde está, ó morte, a sua vitória?
Onde está, ó morte, o seu poder de ferir?"
1 Coríntios 15: 54-55

28 janeiro 2013

Resenha (Livro's): Ratos e homens (EUA - 1937)


Livro: Ratos e homens (EUA - 1937)
Autor: John Steinbeck (1902 - 1968)
Ed. L&PM POCKET, 2007
145 páginas

Apesar do americano John Steinbeck ser mundialmente consagrado como um dos maiores autores do século XX, ganhador do Nobel de literatura em 1962, esse livro não foi parar em minhas mãos por conta disso.

Sempre que vou a uma grande livraria, sempre fico vasculhando a estantezinha dos livros da POCKET. Eles sempre editam em formato de bolso muitos clássicos da literatura. E ao me deparar com esse livro, na contracapa li que se tratava de uma narrativa passada na época da grande depressão que conta a história de dois amigos que procuram bicos de fazenda em fazenda - George e Lennie.

George é baixinho, franzino e super esperto. Lennie, ao contrário do amigo, é um grandalhão acima do normal, com uma massa física descomunal, porém de pouquíssima inteligência. E essa combinação é a chave para, de certa forma, um precisar do outro. Um completa o outro.

Fiquei super interessado nesta história porque lembrei de um filme que eu assisti há muito tempo, numa Sessão da Tarde, e que me emocionou muito, chamado Sempre Amigos (EUA - 1998). E é também a história de duas crianças super amigas. Um tem uma doença degenerativa no corpo e tem uma inteligência acima do normal, e o amigo é uma criança enorme e forte, mas com uma inteligência muito limitada. E meio que o forte levava o fraco no ombro, e os dois se completavam perfeitamente.

Enfim, voltando ao livro, gostei muito da história. Você entra nas entranhas da grande depressão americana na primeira metade do século XX. Numa época de grande miséria, onde muitos tomavam a postura do "cada um por si". E o filme se passa no interior, então o autor reforça bem o sotaque caipira na fala dos personagens.

O livro é visceral, e ao mesmo tempo comovente. Gosto muito de narrativas que não poupa o leitor da realidade. Sem enfeites e rodeios. Gostei muito do livreto. A leitura é fácil, e em poucas leituras você termina ele. Mas de fato ele consegue lhe impactar.

Uma querida amiga, Naiana, quando eu postei no Facebook que tava lendo esse livro comentou:

"E se eu te contar que chorei no final?"

Pois é... Eu também!

p.s. - presto aqui minha solidariedade a todos os familiares e amigos dos mortos nesta catástrofe em Santa Maria (RS). Meus pêsames e meus sinceros sentimentos... Minhas orações estão com vocês! 

25 janeiro 2013

Resenha (Livro's): Harry Potter e as relíquias da morte


Livro: Harry Potter e as relíquias da morte
Autora: J. K. Rowling
Editora: Rocco
Ano: 2007
590 páginas

Quando resenhei o livro anterior, o excelente Harry Potter e o enigma do príncipe, uma garota comentou: - Ô inveja que eu tenho de todos aqueles que têm a sensação de ler a saga pela primeira vez!

A citação acima me lembra muito uma outra do David Gilmour comentando sobre a obra prima do Pink Floyd, o The dark side of the moon (1973). O épico guitarrista disse que a única sensação que não vai poder experimentar na vida é aquela que o fã teve de colocar o disco no som e degustá-lo pela primeira vez.

Pois é, passei por esta experiência e consequentemente hoje faço parte do grupo que já leu. Seria muito bom se tivéssemos o poder de, em pelo menos algumas coisas, apagar do nosso HD mental algumas coisas pra poder experimentar como se fosse a primeira vez.

Mas pensando bem, melhor não. Pois sei que tem muitas outras obras que a gente vai, de certa forma, criando um olhar mais experiente com o passar dos anos. Quem sabe daqui a alguns anos eu vá ler o mesmo livro e já conseguir ter outra perspectiva. Enfim.

Acontece que esse último livro da saga Harry Potter é espetacular. Realmente, a meu ver, a autora conseguiu fechar com chave de ouro! Conseguiu encerrar a saga de forma eletrizante, com cada linha deliciosamente bem escrita. Fazia tempo que eu já tinha essa coleção, mas só de uns meses pra cá fui ter tempo de ler a série. E olhe que eu sou um senhor de 31 anos. Agora imagine toda essa magia literária sendo lido por um pré-adolescente.

De uma coisa você pode ter certeza (e aqui está a coisa que mais me chama a atenção na saga do bruxinho), a criança que ler e se encantar pela saga Harry Potter, e passar a ter raiva das investidas de Valdem... ops... Daquele-que-não-deve-ser-dito-o-nome, sempre que encontrar uma versão dele na vida real vai fazer logo a ligação. Ou seja, todos aqueles que, assim como o vilão da saga, ter como principal ideal a idiota ideia de pureza de raça ou qualquer tipo de fascismo desta natureza.

Enfim, terminei minha jornada nesta saga. Espero que a autora escreva outras histórias tão boas quanto as do bruxinho. E realmente, se você ainda não leu essa saga, não perca tempo! Leia! Você não sabe o que está perdendo!

20 janeiro 2013

Resenha (Filme's): O iluminado (Inglaterra / EUA - 1980)


Filme: O iluminado (Inglaterra / EUA - 1980)
Diretor: Stanley Kubrick
Estúdio / Produtora: Warner Bros.

Sempre passo por uma fase de rever os clássicos. E foi nesta vibe que eu resolvi alugar esse, que um dos mais sensacionais trailers de suspense (ou terror, sei lá) que já se fez.

O iluminado é um destes filmes que você têm que rever, pelo menos, uma vez a cada cinco anos. E mesmo assim, em muitos momentos, ele ainda vai ter o poder de te dar calafrios.

É muito interessante como os filmes do Kubrick são atemporais. O tempo vai passando, o publico (e a tecnologia) vai mudando, e nunca os filmes dele deixam de ser atuais. Você pode pegar um adolescente acostumado com tecnologia 3D, que ficou fascinado em Avatar (EUA - 2009) ou Transformers (EUA - 2007) e mesmo assim, ele vai olhar um filme deste brilhante diretor e achar a coisa mais original do mundo. E é exatamente isso que caracteriza um clássico, aquilo que tem consistência não somente para o seu tempo, mas consegue sobreviver ao passar das décadas e ainda tem, de fato, alguma coisa a dizer.

Jack Nicholson está fenomenal fazendo o papel de um escritor desempregado que aceita um emprego onde tem que tomar conta de um hotel que fecha durante todo o período de inverno. Ele e sua família se mudam pra lá para passar meses. E é nesse isolamento, somado a alguns mistérios que a casa guarda, que gira a trama desse filme sensacional.

O filme foi baseado na obra do Stephen King que é um dos grandes mestres do terror do século XX. Então, a combinação King/Kubrick é, de fato, um casamento muito acertado. Todo filme do Kubrick e quase todos os livros do King têm esse poder de lhe deixar suspenso, fora de eixo.

Confinamento, loucura, morte, sobrenatural, o mundo do mistério, do desconhecido, todos os elementos que, juntos neste filme, o tornaram memorável e com o poder e potencial de arrepiar a espinha de muitas e muitas gerações.

Há, uma dica: assista esse filme de preferência sozinho, numa noite de insônia com o volume no máximo!

Assista abaixo o trailer do filme O iluminado: